Opinião: Precisamos conversar sobre fantasmas

Uma boa sugestão de pauta para discussão filosófica é se fantasmas existem ou não. Afirmo que alguns existem. Como a volta do golpe militar, por exemplo. Dito por populares mal informados despolitizados é questão de formação. Dito por um general da ativa, muda de figura. Acende o alerta. E notem que não houve rebate por parte do governo que, mesmo que ilegítimo, deveria ter rechaçado. Mas este fantasma trataremos em outro texto, o que gostaria de me debruçar agora é o fantasma do fascismo representado pelo MBL.

Até obter informações sobre este grupo, sempre os tratei com menosprezo. Pensava ser um grupo de playboyzinhos mimados de direita, contra tudo e contra todos, tudo que fosse política pública inclusiva e todos que fossem do andar de baixo. Ledo engano, os subestimei. E penso que muitos cometem esse mesmo erro.

O MBL é um grupo financiado, principalmente, pelas corporações americanas e também pela direita brasileira lesa pátria. Além de serem a renovação da velha política, aquela do toma lá dá cá, onde cito como exemplo o discurso deles do Estado mínimo contraditório e a prática da ocupação de cargos em comissão que os mesmos têm ocupado. Foram instrumento essencial para o golpe do impeachment, atuando desde as manifestações de 2013, até a pressão em políticos e a chamada para protestos de rua com outros grupos como o “Vem pra Rua!”.

Diziam-se apolíticos, mas isso nunca foram. Ao contrário, tem ampliado cada vez mais sua área de atuação, desde o “movimento escola sem partido” até a censura de exposições de arte, como a do Santander, em Porto Alegre. Uma afronta à liberdade de expressão! Nessa batalha obtiveram êxito, o banco cedeu, encerrou a exposição e pediu desculpas. Vejam a gravidade. O banco multinacional, pura expressão do capitalismo, retrocede para um bando de babacas, que se acham capazes de julgar o que é arte ou não…

Como diz Carina Vitral, da UJS, “o MBL tem cara de novo, mas representa um projeto atrasado”, pois apoiam o desmonte do Estado, as privatizações, a reforma Trabalhista e a Previdenciária, tudo que é contra o povo. Os trabalhadores que foram para frente da Assembleia Legislativa do RS enfrentar os projetos nefastos do Sartori, sabem o papel que o MBL se prestou. Iam para a disputa nas galerias pressionando políticos a votarem contra os interesses do funcionalismo e do Estado. Várias vezes tiveram que sair escoltados. Engomadinhos e provocadores, passavam com ar de riso por trabalhadores que, entre outras coisas, estavam perdendo seu sustento.

Enfim, eles não vieram a passeio. Têm objetivos claros, trabalham para interesses internacionais que visam nossas riquezas naturais, nossas tecnologias e nossas empresas. A nível nacional querem a exploração do trabalhador ao máximo, e observando mais a miúde, eles têm comido o mingau pelas beiras, aos poucos têm conseguido o que desejam. O trabalhador tem que estar esperto, enfrentando-os nos embates que virão e cuidando bem quem se alia a estes, pois provavelmente virão pedir votos ai na frente.

Geovane Martins Teixeira
Secretário de Formação e Cultura do SINDIÁGUA

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