Os desafios do Fórum Alternativo Mundial da Água

Em artigo, o assessor de Saneamento da FNU, Edson Aparecido da Silva, ?ressalta que o Fórum Alternativo já é uma história de sucesso, pois 19 estados brasileiros constituíram comitês locais de organização do FAMA 2018, sendo que alguns estados formaram mais de um comitê.

Leia o artigo:

Entre os dias 17 e 22 de março de 2018 na cidade de Brasília organizações e movimentos de trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, do Brasil e do mundo se reunirão no Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA 2018).

Será o maior encontro já ocorrido no Brasil cujo objetivo é unificar esforços na luta em defesa da água como direito e não mercadoria e contra todas as formas de privatização.

O Fórum Alternativo Mundial da Água já é uma história de sucesso. Dezenove estados brasileiros constituíram comitês locais de organização do FAMA, sendo que alguns estados formaram mais de um comitê.

Destaque-se que esses comitês têm surgido “de baixo pra cima”, a partir da articulação de movimentos de atingidos por barragens, trabalhadores (as) urbanos(as), trabalhadores (as) rurais, indígenas, quilombolas, pescadores (as), militantes religiosos, movimentos de moradia, acadêmicos e estudantes.

Nos dias 17 e 18 de março na Universidade de Brasília (UNB), instituição parceira desde o início das articulações do FAMA, ocorrerão as atividades autogestionadas, que já são quase duzentas atividades inscritas, demonstrando o potencial e a necessidade de debater temas relacionados à água nas suas mais variadas interfaces.

Entre os dias 19 e 22 o FAMA terá lugar no Pavilhão de exposições do Parque das Cidades onde ocorrerão as “plenárias unificadas” que tratarão de vários “macros” temas relacionados à agua, como a estratégia do capital e propostas do povo para fazer o enfrentamento. Também ocorrerá Assembleia das Mulheres e dos Povos Originários e Tradicionais, além de muitas atividades culturais. Estamos construindo um grande processo de luta que ocorrerá no dia 22 de março, dia mundial da água, em Brasília e simultaneamente em todos os estados brasileiros e nos países que conseguirmos mobilizar reafirmando nossa luta em defesa da água como direito e não mercadoria.

Todo esse esforço foi a forma encontrada pelos movimentos para reafirmar que o 8º Fórum Mundial da Água (FMA), que também ocorrerá em março em Brasília, não representa a voz dos povos do Brasil e do mundo, historicamente excluídos do acesso aos bens comuns em geral e da água em particular.

O lema do 8º FMA é: “Compartilhando a Água”. Cabe a nós perguntar: compartilhar que água, de quem, para quem e para que? Foram séculos de dominação dos países ricos que se desenvolveram às custas da apropriação e exploração desmedida das reservas estratégicas naturais dos países pobres em nome da reprodução do capital. Sua cartada agora é com relação água.

Não está na agenda do 8ºFMA o questionamento do modelo de desenvolvimento capitalista predatório que coloca o lucro acima dos direitos das pessoas, dos animais e do planeta. Isso porque esse fórum tem entre seus apoiadores e organizadores grandes transnacionais que tem como seu principal insumo de produção a água, destaque para a Coca-Cola, Nestlê, Pepisco, entre outros, além de grandes empresas que controlam os serviços de abastecimento de água e saneamento no Brasil e no mundo.

Temos alguns desafios que se tornarão o “legado” do FAMA.

Dentre eles destaca-se a consolidação, ampliação e criação de novos comitês pelo Brasil e pelo mundo com a finalidade de dar sequência às lutas que originaram o FAMA e outro grande desafio é encontrarmos uma forma de mantermos essa articulação horizontal, democrática e participativa que pautou a construção do FAMA inclusive no nível internacional.

Conclamamos todos os povos, dos mais distantes locais do Brasil e do mundo a se somarem no processo de construção do FAMA.

Para isso é fundamental a solidariedade, a garantia da unidade dos movimentos e o compromisso de construção de um mundo melhor, justo e fraterno onde homens e mulheres, jovens, crianças e idosos não sejam mais excluídos de direitos básicos como o acesso a água, a moradia, a saúde, a educação.

Água é direito, não mercadoria!

*Edson Aparecido da Silva: sociólogo; integra a Coordenação Nacional do FAMA; mestre em Planejamento e Gestão do Território pela UFABC e assessor de Saneamento da FNU e ?Coletivo de Luta pela Água-SP

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