NÃO AO AUMENTO, SIM AO ALIMENTO, SERÁ?
Não podemos comentar sobre mais esta “façanha” de Eduardo Leite de fazer o pobre pagar a conta de sua irresponsabilidade com o aumento do ICMS sobre alimentos, dentre outros. Mas não podemos ser ingênuos, a ponto de não analisar a questão como um todo. Se há mais uma demonstração de que temos uma Assembleia Legislativa que se vende por cargos, tal qual no caso da privatização da Corsan, há também a hipocrisia dos grandes empresários gaúchos e suas entidades representativas.
Inundaram a mídia com uma campanha “contra” o governo Leite e “a favor do povo”, pagando fortunas aos meios de comunicação para dizer “Não ao aumento, sim ao alimento”.
Engraçado que no caso da venda da Corsan, em que a Conselheira Relatora do TCE ainda preparava o anúncio de seu voto contrário à venda por graves prejuízos ao erário e ao povo gaúcho, estas mesmas entidades empresariais serviram ao interesse pessoal do governador e pressionaram em nota pública por uma celeridade na venda da estatal, à revelia de qualquer averiguação quanto ao processo de venda e sem interesse algum de defender o consumidor usuário. Não podemos esquecer que essa nota à época foi para dar “legitimidade” ao presidente do TCE para rasgar o regulamento da casa e autorizar de forma monocrática a assinatura do contrato.
Com a privatização da Corsan o estado deixou de embolsar centenas de milhões ao ano por conta dos dividendos do lucro da estatal.
Não bastasse isso, se estes mesmos empresários e suas entidades de classe tivessem pressionado o TCE e o governador Eduardo Leite para que buscasse um preço justo pela Corsan, o estado teria hoje em caixa mais três ou quatro bilhões de reais. E isto talvez tirasse o ímpeto de Leite aumentar impostos. É simples assim.
Agora, querendo posar de defensores dos fracos e oprimidos estas entidades empresariais vem a público defender os seus estritos interesses mascarando com o interesse popular. Logicamente ninguém quer pagar mais caro o alimento, sobretudo por uma decisão de um governador que já demonstrou seu pouco apreço às questões da população. Mas, os empresários posarem de santinhos, como quem diz: “Nós empresários não aguentamos mais pagar tantos impostos”, aí já é um pouco demais.
Estes empresários só tem uma preocupação: Que o cidadão gaúcho e de outros estados consiga comprar mais (e comprar deles) para aumentar o lucro desta classe. É só este o motivo desta campanha falaciosa. Ficou claro neste episódio que empresário não paga imposto. A não ser aqueles inerentes ao seu negócio. Empresário só repassa ao consumidor a carga dos impostos. Quem paga sempre somos nós.
O que cabe, neste grande espectro da nossa sociedade é o cidadão, o consumidor, analisar a cada voto nas eleições, quem realmente está ao seu lado. Enquanto não tivermos esta percepção, seremos eternamente escravos dos donos do dinheiro e, consequentemente, do poder que bancam políticos e manipulam parte da mídia.