História

O SINDIÁGUA, sigla que sintetiza a longa denominação de Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul, foi reconhecido oficialmente a 1º de agosto de 1985, quando recebeu sua Carta Sindical do Ministério do Trabalho.

Os trabalhadores da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), no entanto, já estavam organizados pelo menos desde 1968, quando em plena ditadura militar foi criada a Associação Profissional dos Trabalhadores de Água e Esgotos. O mesmo ano, aliás, em que três setores em especial realizaram passeatas e manifestações de protesto por melhores condições de vida e contra a falta de liberdades democráticas: o Movimento Estudantil, o dos Trabalhadores e a Frente Ampla, que agregava diversos partidos políticos e representantes da sociedade civil.

Dentro deste cenário conturbado e marcado por forte repressão governamental, foi tentada a extensão da base da Associação Profissional dos Trabalhadores de Água e Esgotos de Porto Alegre para todo o Rio Grande. Alguns dos fundadores da Associação foram demitidos e outros diretores transferidos de suas bases. Assim, somente em 1983, nos últimos anos do período ditatorial, um grupo de trabalhadores se organizou e formou uma chapa, com o objetivo de reorganizar a entidade.

Além de representar legalmente a categoria, pretendiam também transformá-la em sindicato, contribuindo para as necessárias mudanças na sociedade brasileira. A chapa foi vencedora, tendo como primeiro presidente Georgi Denis de Barros Labourdette. A 9 de fevereiro de 1984, por 29 votos a favor e um nulo, foi aprovada a transformação da Associação em Sindicato, oficializada em agosto de 1985.A primeira diretoria da entidade, gestão 1986-1989, foi composta pelas mesmas pessoas da diretoria provisória, citada anteriormente. A partir de 1989, a sigla do Sindicato – que até então era SINDIAERS – passou a ser SINDIÁGUA/RS.

Um dos primeiros enfrentamentos assumidos pelo Sindicato, com mobilização da categoria, aconteceu em 1987, ao lado de entidades de funcionários da CRT e CEEE. O governador eleito Pedro Simon não pretendia cumprir o reajuste salarial que previa o pagamento da URP (Unidade Referencial de Preços). Houve um duro enfrentamento com o governo – com corte no fornecimento de água, telefone e energia elétrica – e o benefício salarial foi mantido. Neste ano, saiu a primeira edição do jornal da categoria, o Berro D´Água. Em 1988, o Sindicato conquistou para seus associados o vale-alimentação, um direito dos trabalhadores ainda pouco difundido na época.

Em 12 de janeiro de 1990, foi decretada uma greve da categoria, pois a Corsan continuava descumprindo cláusulas importantes do acordo coletivo. Foram 21 dias de paralisação, sendo a primeira categoria a cruzar os braços sob o amparo da Lei de Greve, aprovada dias antes no Congresso Nacional. Neste mesmo ano, o SINDIÁGUA filiou-se à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

No decorrer dos anos, outras greves e manifestações foram deflagradas pelos associados do SINDIÁGUA, contribuindo para uma maior qualidade de vida dos associados, melhor remuneração e crescimento da consciência social dos trabalhadores. O Sindicato também é filiado à Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).

Em 1995, durante o processo de privatização desencadeado pelo governo de Antonio Britto, que terminou por vender a CRT e parte da CEEE, a atuação forte do SINDIÁGUA junto à categoria, aos partidos políticos e setores organizados da sociedade – especialmente com as 70 maiores câmaras de vereadores do Estado – impediu que também a água consumida pelos gaúchos fosse parar nas mãos da iniciativa privada.

O lema “A água é um bem de todos. Não pode ter dono!” sintetiza o trabalho feito pelo SINDIÁGUA ao longo de mais de três décadas de existência em que a defesa dos trabalhadores e a manutenção da Corsan pública foram o norte de todas ações sindicais e políticas.

A atuação corporativa do dia a dia através de reuniões de base, de atendimento aos trabalhadores e trabalhadoras, de esclarecimentos sobre o Acordo Coletivo de Trabalho e auxílios dos mais diversos não são nada mais do que a obrigação de qualquer entidade sindical. Mas o SINDIÁGUA foi além.

Defensor ferrenho do saneamento público, o SINDIÁGUA buscou realizar um trabalho político junto à sociedade gaúcha. Atuando de maneira eficaz em centenas de debates que tinham como objetivo discutir a eficiência da Corsan nos municípios, o Sindicato foi fundamental na defesa da Companhia e na renovação de inúmeros contratos de programa entre prefeituras e Corsan. Em algumas oportunidades, como em Santa Cruz do Sul, os trabalhadores e trabalhadoras foram fundamentais em mobilizações que se mostraram decisivas para que os contratos fossem assinados e a ânsia privatista de alguns prefeitos fosse retaliada.

Estas ações do SINDIÁGUA passaram a ser reconhecidas tanto pelos colegas de Corsan quanto por políticos e sociedade. O resultado de anos de luta e intenso trabalho passou a ser reconhecido Brasil afora. O Sindicato já presidiu a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e atualmente possui uma vaga no Conselho de Curadores do FGTS e no Conselho Nacional das Cidades, fóruns diretamente ligados ao desenvolvimento do país e de infraestrutura nacional. Com estes espaços o SINDIÁGUA participa, debate e avalia temas importantes para a população brasileira.

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