Código de Ética?
A recente edição de Resolução da diretoria da Corsan impondo, sem qualquer diálogo ou envolvimento com o corpo funcional da Companhia, um Código de Ética, ao contrário de tornar-se uma maneira de incentivar e envolver todos os trabalhadores, acaba tornando-se mais uma medida carente de legitimidade e que não ajuda a desenvolver institucionalmente a Companhia ou melhorar suas relações com consumidores e trabalhadores.
Isto porque, ainda que em tese seja muito bom que a Companhia comprometa-se com valores como Ética, meio ambiente, bons serviços públicos etc, etc, o que encontra-se em parte da referida Resolução, verifica-se na referida Norma Interna a regulamentação de condutas e procedimentos que interferem na normatização já existente no Estatuto Disciplinar da Corsan, o qual foi construído em processo legitimado por diversas instâncias da Companhia, inclusive com a representação dos trabalhadores. Tal aspecto da Resolução, além de carecer da devida legitimidade, trouxe normas sem sentido e incoerentes, a exemplo daquela que define como Deveres dos Empregados, em seu ítem V, 2. p.: “ Abrigar a todas as pressões e assédios que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas, em decorrência de ações imorais, ilegais e antiéticas, e denunciá-las à comissão de ética.”
O que quer dizer isto? Que inicialmente o trabalhador tem que abrigar atos ilícitos para depois denunciá-los? E além disso obrigar os trabalhadores a assinar um texto desta forma! Não há como concordar com tal determinação. Desta forma não só perdeu a diretoria da Companhia uma excelente oportunidade de construir, juntamente com os trabalhadores, a verdadeira Ética, com E maiúsculo, pela qual tanto lutamos, que impeça a corrupção, a terceirização, o descumprimento reiterado das normas laborais e as negociatas com o dinheiro do povo.
Não há como concordar que os trabalhadores sejam compelidos a assinar tamanho disparate, que além de tudo carece de qualquer legitimidade, e visa muito mais coibir e amedrontar os trabalhadores do que instaurar uma gestão ética da coisa pública.