Dia Internacional De Luta Das Mulheres
Queridas companheiras, colegas, amigas, mulheres…
Recentemente, surgiu uma situação que me fez pensar a respeito do tal “lugar de fala” tão citado nas rodas de debates feministas. Afinal, o que é este “lugar de fala”? A escritora Djalma Ribeiro, filósofa, feminista negra e escritora, diz em seu livro O que é lugar de fala? Lançado em 2017:
“O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém, o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas”.
Então fica a pergunta: quem tem mais chances de falar e ser ouvido na sociedade? Obviamente as minorias ainda ocupam poucos espaços políticos e sendo menos representados, são menos ouvidos. É nesse momento que entra o lugar de fala.
O conceito do lugar de fala quer oferecer a estes sujeitos essa visibilidade, pois ao tratarmos de assuntos referentes a um determinado grupo, como racismo e machismo por exemplo, pessoas negras e mulheres possuem, respectivamente, lugar de fala, pois estes podem oferecer uma perspectiva que pessoas brancas e homens podem não ter. Assim, voltamos nossos ”ouvidos” para as pessoas que realmente vivenciam aquela realidade. Não quer dizer que quem não faz parte destes grupos não possa opinar, mas é uma oportunidade de ouvir, aprender, entender e respeitar o que aquele grupo tem a dizer. Dito isso, “o lugar de fala” não é pretexto para calar ninguém, apenas oferecer espaço para que diversas vozes sejam ouvidas e liberdade para que cada grupo conheça e entenda em que espaço se encontra nesse processo de organização e o entendimento de quando se é protagonista ou coadjuvante deste cenário.
Importante ressaltar também que lugar de fala e representatividade são coisas distintas, embora sejam conceitos que andam juntos. Representatividade significa” representar com efetividade e qualidade um segmento ou grupo ao qual se quer representar”. Quando essas camadas marginalizadas da sociedade se sentem representadas em espaços sociais, coletivos e políticos, há uma possibilidade maior de serem ouvidas,ou seja, de exercerem o seu lugar de falar.
Assim, aproveitando as vésperas do 8 de março, vamos nos apropriar do nosso lugar de fala…principalmente em meio à crise sanitária que estamos enfrentando, precisamos falar!…falar sobre a sobrecarga de trabalho que estamos enfrentando, dos desafios de ser mulher, mãe, esposa e profissional confinadas em nossas casas, lutando pela nossa sobrevivência e de nossas famílias, frente a um cenário político totalmente desfavorável para os trabalhadores, em que as condições e as relações de trabalho foram precarizadas e a perda de direitos é diária.
Abraços
Josenele Rodrigues
Comissão de Mulheres – SINDIÁGUA/RS
“Pela vida das mulheres, resistiremos: contra a fome, a miséria e a violência! Vacina para todas e todos já!”