Imprensa burguesa gaúcha já escolheu o “seu” candidato

 

Cuidado! A notícia que você lê, vê e ouve, na atual época  pré-eleitoral, na grande imprensa que aí está (no estado e no país), pode não ser notícia, mas propaganda eleitoral disfarçada de. Isso mesmo. Usando uma concessão pública – pois isto é o que são os meios de comunicação neste país – ao invés de atualizar e informar a sociedade, estes donos privados do espaço público não se intimidam de fazer campanha para seu candidato, que se eleito irá retribuir-lhes a “forcinha” dada à sua eleição.

Exemplos não faltam ao e-leitor menos atento: O atual ex-prefeito da Capital dos gaúchos (agora afastado para concorrer) não responde à população sobre a falcatrua do contrato com uma empresa privada (diz-se já haver o desvio de centenas de milhares de reais), no qual a Prefeitura terceiriza os serviços para fazer a assistência médico-familiar. Tornada pública tal situação, repórteres de plantão, defensores do candidato conservador, dão a seguinte versão (apresentador de tv, falando para todo o estado em frente à câmera): – “ Eu tenho certeza que o prefeito……… vai acabar com esta situação, pois é um homem ético!”. Mas Deus do Céu… foi o próprio prefeito que disse que a assinatura deste contrato, terceirizando  a saúde no município, seria bom para a população.

A culpa é da população…

Quando as ruas da Capital alagam devido às chuvas, as reportagens já têm os culpados: “A população está jogando lixo nas ruas e acaba obstruindo as bocas-de-lobo”. Então, a população é a culpada – e não a falta de coleta de lixo correta, não a falta de varrição constante, não a falta de programação da limpeza dos canos e bueiros do fluvial.

Um centro de saúde em uma vila da Capital é infestado por ratos. “A Secretaria mandou desinfectar o local. Os ratos vêm do lixo que os moradores do local ali depositam ou jogam”. Esta pelo menos é a teoria dos repórteres-cabos-eleitoral. Só não é dito ao povo que ratos contaminam qualquer lugar em que estejam, e que estes ratos do centro de saúde invadido já estavam lá a mais de oito meses (pode?).

Reportagens sobre alagamentos das ruas de Porto Alegre sempre garantem: “depois do maior temporal dos últimos tempos” (sim, porque agora toda chuva que aqui ocorre é a maior dos últimos tempos, como forma de justificar as invasões de água e esgoto nas casas e apartamentos de moradores na Capital, carros sendo arrastados nas enxurradas, etc…). Comentário do apresentador de TV: -“Então tá, passamos para o próximo bloco”.

Outro apresentador televisivo vocifera em frente às câmeras, na hora do almoço: – “Porque o governo Lula manda ajuda para o Haiti e não para os gaúchos que também estão com necessidades?” –  como fosse possível comparar as duas situações.

Postos municipais fechados

O mesmo apresentador, dublê de candidato-à-deputado, se orgasma ao comentar: -“O Hospital Conceição  está cheio, há filas e demora no atendimento”. No entanto, nada se fala sobre os posto de saúde municipais fechados na Capital, sem atendimento pela quebra do contrato de terceirização, sem remédios, sem médicos, transferindo pacientes para hospitais como o Conceição.

O Programa Sócio-Ambiental, PISA, nem bem foi implantado já dá sinais de irregularidades nas contratações de serviços e preços (inclusive com o a participação do azarado funcionário da CORSAN, que por onde passa, é lá que o raio vai cair… no quesito dinheiro desviado). Para a mídia já-compassada-com-o-candidato, é mais proveitoso falar das obras do PAC de Lula, que “não evoluem numa velocidade maior”.

Para não estender demais, quando o trânsito em Porto Alegre está um caos – e sempre é – melhor falar das obras da BR-101, que estão com cronograma atrasado, sem citar é claro, que um ex-ministro gaúcho de Transportes nos anos FHC, do mesmo partido do prefeito-candidato-à-governador, foi lá em Osório e inaugurou uma placa de início das obras, coisa que nunca ocorreu.

Nos jornais impressos da Capital é nítido o crescimento das citações positivas a fatos do prefeito-candidato-à-governador, ao mesmo tempo que para outros candidatos minguam as possibilidades de ter seus nomes sequer citados, muito menos fotografados. A possibilidade dos outros candidatos aparecerem, que não seja o-cavalo-do-comissariado-empresarial-jornalístico, só ocorre quando eles apresentam algo que, às vistas de nós pobres mortais, possa parecer “comprometedor”. Uma namorada bonita, viajar de avião, almoçar em restaurante chique.

Muito cuidado

Por isso um aviso: muito cuidado! O que você vê, lê e ouve por aí pode não ser notícia, mas sim propaganda partidária, favorecendo um candidato já escolhido como “seu”, para manter o estado de coisas no caos (para não se dizer algo mais grave), caso a mídia burguesa consiga eleger o já candidato escolhido por ELLES para você engolir.

 

David Barros

 

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