Fórum Paralelo Mundial da Água
Trata-se de uma iniciativa que se encontra em processo inicial de organização e se realiza em contraposição ao Fórum Mundial da Água organizado pelo Conselho Mundial da Água e acontecerá em março de 2018 no Brasil, na cidade de Brasília.
O Fórum, e o Conselho Mundial da Água, são vinculados a organizações privadas, em especial as grandes corporações multinacionais, que tem como meta impulsionar a mercantilização e a privatização da água e do saneamento; a intensificação das práticas de transposição de bacias hidrográficas privilegiando o atendimento das demandas por água a qualquer preço em detrimento da sua adequada gestão; a construção de barragens para os mais variados fins afetando de forma significativa populações ribeirinhas sem considerar impactos sociais e culturais; a apropriação e controle dos aquíferos subterrâneos; entre outros.
Como sabemos, muitas dessas corporações já controlam a prestação de serviços de água e esgoto; a extração intensiva de água para engarrafamento, produção de bebidas, etc. Os interesses destas empresas são de apropriação das reservas de água para gerar lucros extraordinários. Esta prática impõe fortes impactos financeiros e restrições de acesso à população de todo o mundo, afetando, sobretudo os mais pobres.
O porquê do FPMA
Foi, para se se contrapor a esta visão mercantilista e entendendo que a água é um direito humano e não mercadoria, que dezenas de entidades da sociedade civil, de defesa do meio ambiente, de representação sindical de trabalhadores, movimentos sociais e populares, nacional e internacional decidiram realizar esse Fórum Paralelo Mundial da Água, a exemplo do que ocorreu em edições anteriores.
A presente iniciativa retoma o questionamento da legitimidade do Fórum Mundial da Água para promoção da discussão sobre os problemas relacionados ao tema em escala global envolvendo governos e sociedade civil, devido a falta de independência do conselho organizador e explicita o conflito de interesses existente entre as corporações privadas e as necessidades da população mundial.
Como vem se organizando o FPMA
O Fórum Paralelo Mundial da Água – FPMA vem trabalhando com uma “Coordenação Nacional Inicial”, composta, por enquanto, de entidades e coletivos como a CUT – Central Única dos Trabalhadores; FNSA – Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental; ISEE – Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental; Assemae – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento; ISP – Internacional de Serviços Públicos; FNU – Federação Nacional dos Urbanitários; CNU – Confederação Nacional dos Urbanitários; MNPR – Movimentos Nacional da População em Situação de Rua; Rede Mulher e Mídia; FFOSE – Federación de Funcionarios de O.S.E/ Uruguai, Fisenge- Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, MAB -Movimento dos Atingidos por Barragens; CMP – Central de Movimentos Populares; FUP – Federação Única dos Petroleiros, CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores; PROAM – Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental.
O que pretendemos
O Fórum Paralelo Mundial da Água pretende ser um evento democrático, transparente, participativo, descentralizado e acessível. Terá a função de discutir problemas relacionados à água e ao saneamento nas suas mais variadas interfaces, considerando seus impactos sobre os seres humanos e outras espécies.
A partir da realização de um amplo debate através de seminários, aulas públicas, oficinas, atividades culturais, atos ecumênicos, etc., que acontecerá durante o processo de construção do FPMA, em todo o País, e durante sua realização, pretende-se sensibilizar a população para o tema e a problemática da água e do saneamento; denunciar a legitimidade do 8º FMA; responsabilizar governos pelo uso de recursos públicos na promoção de interesses privados e propor ações para governos e pessoas no sentido de que o acesso pleno à água e ao saneamento é um direito.
Propõe-se que em 2017 sejam realizados uma serie de atividades em todo o País, a intensão é popularizar e intensificar o debate sobre a garantia da água e do saneamento como direito humano fundamental, conforme preconizado pela ONU, além de reforçar a luta contra a mercantilização da Água. Por isso foi definido o lema “ÁGUA É DIREITO HUMANO E NÃO MERCADORIA”. Considera-se que esse lema ajuda a unificar vários movimentos, coletivos e entidades que atuam nas mais variadas áreas, como direitos humanos, saneamento básico, água (stricto senso), atingidos por barragens, combate aos agrotóxicos, agricultura, meio ambiente, moradia, etc.
Além disso, pretende-se trabalhar n
a perspectiva da criação de Comitês Populares para a construção do Fórum Paralelo Mundial da Água, em todos os estados brasileiros, espera-se, após o Fórum, que o legado desse processo seja uma organização permanente. Os Comitês Populares para a construção do Fórum, devem se transformar em Comitês de Mobilização em Defesa da Água e do Saneamento e contra qualquer forma de privatização.
Como se dará o FPMA
Ainda não discutimos como se estruturará o Fórum e tampouco qual será o público que trabalharemos para mobilizar. Apenas sabemos que o encontro principal acontecerá na Cidade de Brasília, na mesma semana do fórum das corporações. Não decidimos quantos dias serão.
A intenção é que atividades simultâneas ocorram ao mesmo tempo de forma descentralizada nos Estados Brasileiros e em outros países.
Um dos principais desafios
Um dos principais desafios para Fórum Paralelo Mundial da Água, nesse momento, é fazer com se torne efetivamente um espaço de articulação e de envolvimento internacional. Precisamos construir formas de participação para além das entidades brasileiras, afinal, a luta em defesa da água como direito é internacional.
Precisamos discutir formas de apoio politico e financeiro para que o Fórum tenha êxito.
Em Resumo
O processo de construção do Fórum Paralelo será uma oportunidade de organizarmos e fortalecermos a resistência contra a privatização da água e do saneamento bem como sua mercatilização. Por isso é importante que as nossas entidades, que ainda não se engajaram na organização do FPMA, o façam o quanto antes, a jornada vai ser dura.
Estamos apenas no inicio desse trabalho, tensos com o desafio, muita responsabilidade. Consideramos que todos podem ajudar muito nas tarefas que estão colocadas, inclusive num momento em que a água o saneamento e as empresas correm risco de privatização.