Santa Maria e a abertura de capital

Na última sexta-feira (14) o SINDIÁGUA esteve reunido em Santa Maria com o Eng.º Luiz Fernando Pacheco, que é o Secretário Especial nomeado pela Prefeitura para conduzir o processo de discussão sobre o contrato com a Corsan.

A preocupação do nosso Sindicato e também dos trabalhadores é que, além de renovar o contrato, a Corsan deve ter saúde financeira para honrar ao longo do tempo o que foi escrito. E esta capacidade de manter o contrato é que ficará inviabilizada com a abertura de capital proposta pelo governo gaúcho.

Fomos levar ao secretário santamariense a informação de que a aludida abertura de capital é uma “orientação” do BNDES para que o RS envie este dinheiro para Brasília numa negociação da dívida com a União. Ou isto, ou o Sartori vai usar o dinheiro para pagar a folha de pagamento de um mês do funcionalismo. Ou seja, nada do que seria arrecadado com a venda das ações seria investido em saneamento para os gaúchos.

Pacheco, que é empresário, demonstrou grande preocupação com o destino a ser dado aos recursos obtidos com a venda dos 49% das ações da Corsan. Ele havia tomado conhecimento da notícia pela imprensa e afirma que, sem dúvidas, é um novo ingrediente que deverá fazer parte da negociação do próximo contrato.

Ao SINDIÁGUA está clara a estratégia do governo Sartori: vende metade da Corsan agora. Isto inviabilizará a manutenção dos contratos com os municípios. Os prefeitos (insatisfeitos) dos municípios maiores e rentáveis, venderão para a iniciativa privada suas concessões e a “Corsan” passará a existir somente em municípios pequenos e deficitários.

A exemplo de Santa Maria, o SINDIÁGUA vai conversar com outras prefeituras. Aliás, já protocolamos na Famurs, pedido de audiência para tratar do tema. Conversaremos também com deputados(as) na Assembleia Legislativa, alertando a classe política da grande “roubada” que é a abertura de capital.

Foco
A preocupação da Corsan, desde a sua criação, foi fazer saneamento básico no Rio Grande do Sul. Ou seja, os recursos federais obtidos, o seu lucro, tudo é reinvestido no próprio estado visando o bem estar e a saúde de quem é o verdadeiro proprietário da Companhia: o povo gaúcho. A partir da abertura de capital, o foco é outro: o lucro dos acionistas privados.

Sabesp
Em São Paulo, a empresa estatal de saneamento teve seu capital aberto em 2002. Houve períodos em que nada menos do que 60% do lucro era colocado, limpinho, no bolso dos acionistas. Com isto faltou verba para investimentos em novas barragens e em políticas de redução de perdas. A consequência de tudo isto é de amplo conhecimento do povo brasileiro. Definitivamente, este não é o melhor caminho para a Corsan.

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