Frente em Defesa do Patrimônio do Povo Gaúcho é lançada
Com um ato público seguido de um abraço simbólico ao edifício-sede do Banrisul, onde fica também a administração da Corsan, foi lançada ao meio-dia desta sexta-feira (11) a Frente em Defesa do Patrimônio do Povo Gaúcho, integrada pela CUT-RS, SindBancários, Fetrafi-RS, Sindiágua, Senergisul, Sintec-RS e Aapergs.
A manifestação reuniu centenas de trabalhadores, muitos do Banrisul, Corsan e CEEE, que acompanharam os pronunciamentos das entidades e viram mais de dois mil balões com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul subirem ao céu ensolarado de Porto Alegre.
Ao final, foi servido o tradicional salchipão (salsichão com pãozinho) e comemorado o aniversário do Banrisul, que completa 87 anos neste sábado, com o canto de parabéns e a distribuição de fatias de bolo.
Sartori quer criar o caos para privatizar
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, lembrou a importância das empresas públicas para o desenvolvimento do Estado e alertou que a batalha contra a privatização será longa. “Esta não vai ser uma corrida de 800 metros, mas sim uma maratona”, avisou.
Claudir rechaçou as políticas neoliberais do governo Sartori, como o parcelamento de salário dos servidores e o projeto do tarifaço. Ele disse que se o governo Sartori cobrasse os 27% de ICMS, que é sonegado historicamente no Estado, já equilibraria as contas do governo. “Mas o governador não quer equilibrar as contas, ele quer é criar o caos para poder privatizar o Estado”, afirmou.
O dirigente da CUT salientou o peso da unidade dos trabalhadores das três empresas públicas neste momento de ataque ao patrimônio público. “O governo Sartori vai tentar liquidar as estatais a qualquer custo. Primeiro tenta criar a ideia de caos e, blindado pela imprensa tradicional, prepara a entrega do que sobrou do patrimônio público”, denunciou.
Ele ainda ressaltou que o ajuste fiscal deve ser feito a partir da renegociação da dívida com a União e da regularização da cobrança do ICMS, sem a liquidação de patrimônio público.
Claudir aproveitou para conclamar os trabalhadores a participarem do dia estadual de luta, que ocorrerá no próximo dia 22, com greves, paralisações e protestos na capital e no interior do Estado. “Precisamos mostrar que não aceitamos pagar a conta da crise e pressionar os deputados para que não aprovem os projetos do Sartori”, frisou o presidente da CUT-RS.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, recordou o discurso de campanha de Sartorri. “Quando ele concorreu, dizendo que não tinha programa, nós sabíamos que ele tinha programa sim, e que o seu programa seria esse desmonte do serviço público, a venda das estatais e o ataque aos direitos dos trabalhadores”, disse.
“Este caminho já foi tentado e não funciona. Queremos dizer aos lacaios, que comuniquem ao governador que o povo, que construiu o Banrisul, a Corsan, a CEEE e outras empresas tradicionais do estado, não vai ficar de braços cruzados. Vamos para as ruas defender estas estatais”, completou Gimenis.
Cinturão em defesa das empresas públicas
“Este ato dos trabalhadores mostra que o Sartori não vai conseguir romper este cinturão de trabalhadores em volta do prédio do Banrisul, em defesa das estatais”, garantiu o presidente do SINDIÁGUA, Leandro Almeida, que representa os funcionários da Corsan, uma das principais empresas públicas ameaçadas de privatização.
Também a presidente do Senergisul, Ana Maria Spadari, que representa os trabalhadores da CEEE, destacou que a Frente é um momento histórico de união dos empregados das estatais. “Temos que lembrar que o governo Britto vendeu uma parte da CEEE e acabou com 4 mil postos de trabalho e isso não melhorou em nada as contas do Estado, nem o serviço prestado à população e sequer barateou a energia”, disse. “O discurso de Sartori é mentiroso”.
A diretora do Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Correia, acentuou a união das entidades sindicais. “Estamos construindo a unidade entre os trabalhadores do Banrisul, CEEE, Corsan e as demais empresas e fundações estaduais e todos os servidores públicos hoje ameaçados”, disse.
O diretor da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha, salientou os riscos que representa o projeto privatista e elitista do governo Sartori. “Precisamos fazer uma grande mobilização em defesa do patrimônio público em todo o Rio Grande do Sul”, enfatizou.
O ato público foi presidido pelo coordenador da CUT Metropolitana de Porto Alegre, Carlos Pauletto. Para ele, “foi dada a largada para uma importante e longa caminhada, que promete muitos desafios pelo Rio Grande afora, mas estamos juntos e tenho a certeza de que vamos ganhar o apoio da sociedade gaúcha e evitar a entrega do nosso patrimônio, construído com muita luta ao longo da história da nossa gente”.
Estiveram presentes vários dirigentes sindicais de entidades que representam trabalhadores do Banrisul, Corsan e CEEE na capital e do interior gaúcho, bem como diretores de sindicatos de outras categorias, trazendo força e solidariedade ao movimento. Também compareceram o deputado estadual Tarcísio Zimmermann (PT) e a vereadora Sofia Cavedon (PT).
Povo gaúcho pode impedir as privatizações
O artigo 22º da Constituição Estadual condiciona à consulta popular, sob a forma de plebiscito, a alienação, transferência do controle acionário, cisão, incorporação, fusão ou extinção do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM), Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (SULGÁS), Companhia Estadual de Silos e Armazéns (CESA) e Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (PROCERGS).
Fonte: CUT/RS com SindBancários e Fetrafi-RS