Resistência, liberdade e igualdade!
Em Seminário, trabalhadoras reforçam a luta contra a desigualdade de gênero
Lutar por espaços de debate, garantir e ampliar direitos. Estes foram os principais pontos abordados durante o IV Seminário de Políticas para as Mulheres. Realizado em Porto Alegre entre os dias 13 e 14 de outubro, o evento teve como objetivo proporcionar um espaço onde as trabalhadoras, através da troca de experiências, construíssem conhecimento e políticas que influenciem diretamente em suas vidas e na sociedade.
A história de mais de 30 anos de SINDIÁGUA foi o tema da palestra inicial do evento. Realizada pelo presidente Leandro Almeida, a fala buscou relembrar os anos que deram origem ao SINDIÁGUA e a conquista da Carta Sindical, em 1985.
Leandro comparou o primeiro Acordo Coletivo de Trabalho, celebrado em 1986 e que continha nove páginas e 32 cláusulas, com o atual, que contém 67 páginas e 100 cláusulas. Para ele, essas conquistas só foram possíveis graças ao grande poder de mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras que ao longo de três décadas realizaram greves, passeatas, manifestações e uma série de enfrentamentos que resultaram na manutenção da Corsan pública e na conquista e ampliação de direitos.
O engenheiro e ex-presidente da Corsan Arnaldo Dutra abordou o direito humano ao saneamento. Apresentando dados de outros países sobre as políticas de saneamento, Arnaldo projetou o futuro do setor no país, além de ressaltar a importância da participação e controle da sociedade nas políticas a serem desenvolvidas pelo Estado. Dutra vê com preocupação a proposta do governo estadual em abrir o capital da Corsan. Segundo Arnaldo, essa ação é danosa e pode trazer sérios riscos à população, como ocorreu em São Paulo, estado que enfrentou uma séria crise hídrica.
Retrocessos simbólicos e objetivos
Ariane Leitão, ex-secretária de Políticas para Mulheres do RS, observou o prejuízo da extinção da secretaria estadual de mulheres. Ela frisou que os retrocessos recentes, tanto em nível estadual quando federal, acarretarão na falta de políticas que busquem a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Além disso, Ariane afirmou que a sociedade precisa abordar a liberdade da mulher como a principal ferramenta para a busca da igualdade. Ela também pediu uma reflexão sobre as estratégias de resistência a serem adotadas neste momento atual do país e ressaltou que a garantia de direitos em tempos de retrocesso é uma luta primordial.
No painel “Mulheres no Mundo”, Isis Garcia Marques, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Letícia Radatz, secretária de Juventude da CUT-RS e Adriana Rocha, vice-presidente da Ascorsan, ratificaram que a busca pela igualdade deve ser o foco das políticas que envolvam as mulheres. Para elas, a liberdade e a autonomia das mulheres devem ser respeitadas no dia a dia. A figura do Sindicato também foi abordada no painel. Segundo as participantes, a representação sindical é uma ferramenta muito importante para que os direitos das mulheres sejam respeitados no ambiente corporativo.
Assunción Costa Caputti, médica concursada do ministério da Saúde por 35 anos e militante feminista, falou dos diferentes tipos de abusos sofridos pelas mulheres, como o físico, o psicológico e o patrimonial. Caputti alertou que em decorrência desses abusos, às vezes diários, as mulheres apresentam quadros preocupantes de saúde, gerando doenças graves como a depressão. Assunción vê a luta permanente como única ferramente possível para o maior empoderamento das mulheres.
Mulheres e a previdência
O diretor de Seguridade da Fundação Corsan, Gilmar Antônio Arnt, deu detalhes de toda a estrutura da Funcorsan, como, por exemplo, quais as funções realizadas pelo Conselhos Fiscal e Deliberativo, assim como o a Diretoria Executiva. Arnt também abordou a segregação de gênero no INSS e explicou os modelos de plano de previdência complementar utilizados no Brasil.
A advogada Ingrid Emiliano relatou os tipos de aposentadoria na palestra Previdência da Mulher. Ela também falou sobre o papel da mulher do mercado de trabalho e sobre a reforma da previdência proposta pelo governo Temer, que segundo ela é uma ameaça aos trabalhadores e trabalhadoras. A também advogada Priscila Menegat detalhou os Direitos e Proteções das Mulheres e o stress como resultado de uma política assediadora. Priscila explicou as proteções que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante assim como o Acordo Coletivo de Trabalho e o Estatuto Disciplinar da Corsan.
Saúde e bem estar
A importância da atividade física e da boa alimentação na saúde foi pauta da professora de educação física e estudante de nutrição Thaís Gauto. Ela alertou as trabalhadoras aos riscos que uma vida sedentária pode gerar. Além disso, Thaís deu dicas para uma alimentação mais saudável e de técnicas para o emagrecimento saudável. Encerrando o Seminário, o médico Jeferson Oliveira falou sobre os tumores malignos de pele. Ao longo de sua palestra, o médico apresentou as diferenças e os tratamentos para diversos tumores, além de salientar a importância do uso do protetor solar. Ele também tirou uma série de dúvidas das participantes.
Para a secretária de Gêneros, Raça, Minorias e Aposentados do SINDIÁGUA, Fabiula Rocha, o evento teve grande importância por ser um espaço onde as trabalhadoras do saneamento tiveram oportunidade de discutir e se manifestar quanto as políticas que interferem diretamente em suas vidas. Agradecemos a participação, pois é só com o engajamento de todas as trabalhadoras na luta, e aproveitando os espaços de debate, que podemos construir um futuro diferente, com igualdade de gênero e de direitos.